Nos países emergentes, com comunidades rurais pobres dependentes dos recursos naturais e atividades parcialmente diversificadas, a desflorestação e o uso excessivo dos recursos naturais têm um forte impacto na conservação dos habitats e da biodiversidade. A apicultura nas zonas tampão às áreas de conservação em Moçambique tem uma longa tradição.

Nos últimos anos, notou-se a massificação desta atividade, com a utilização de colmeias semimóveis; dá-se a transição da apicultura tradicional para a apicultura moderna, centrada na geração de rendimento para as comunidades locais. Entretanto o sucesso desta atividade na Gorongosa está longe de ser alcançada devido ao défice de informações cruciais para a cadeia de valor do mel da região. Estas informações incluem principalmente informações relacionadas com a flora melífera. A insuficiência de informação torna-se ainda mais preocupante, pois o mel é um alimento complexo do ponto de vista biológico, o que faz variar a sua composição em função da origem floral, geográfica e condições climáticas (Rosa, 2014). Dai que se justifica o estudo sobre a composição polínica do mel da Gorongosa.

Pretendeu-se com este estudo providenciar informação científica sobre as espécies vegetais visitadas com maior frequência por Apis mellífera L., as quais contribuem para a produção do mel mediante a análise do espectro polínico e averiguar a possibilidade de produção de méis mono florais.

Para além da aplicação científica, os resultados desta investigação também podem ser usados como uma ferramenta de tomada de decisão sobre o ordenamento apícola com vista à maximização da produção apícola na região, e para a identificação de culturas que podem beneficiar da polinização por abelhas e assim contribuir para a sustentabilidade das comunidades e a conservação da biodiversidade na Gorongosa.

Neste Webinar, Adija Wilssone, estudante de doutoramento da Universidade de Lisboa, falará um pouco de todo este trabalho que tem desenvolvido no âmbito da sua tese de doutoramento.